Francisco e a reforma da Igreja
No final de agosto, o Papa Francisco realizou a cerimônia de criação dos novos cardeais e em seguida houve um consistório, que é a reunião de todos cardeais (colégio cardinalício). Em maio, aqui nestas Gotas de Conjuntura, já refletíamos o significado destas nomeações.
Francisco avançou com a mundialização do cardinalato. Ao mesmo tempo rompeu com a tradição de nomear prelados (bispos e arcebispos) de determinadas sedes episcopais, muitas vistas como sedes cardinalícias. Além disso, a esmagadora maioria dos atuais cardeais eleitores foram escolhidos pelo atual Bispo de Roma.
No Consistório ocorrido no final do mês passado, algumas vozes descontentes manifestaram seu desagrado. Um cardeal com mais de 90 anos chegou a propor que apenas membros com mais de cinco anos na Cúria Romana pudesse ser candidatos ao papado. Ao que parece, os cardeais da “velha ordem” resolveram usar da fala livre estimulada pelo Papa para se colocarem contra a liberdade com a qual ele dirige a Igreja.
Trata-se do desespero daqueles que não querem ver outro oriundo do fim do mundo como Sucessor de Pedro… A questão é que hoje, no Colégio de Cardeais, boa parte ou está no “fim do mundo” ou juntos às periferias existenciais.
Ou seja, a Igreja após Francisco tem muitas chances de seguir sendo “franciscana”. Enfim, como se diz na gíria do futebol: O choro é livre…
Entre sabatinas, debates e pesquisas
Se o presidente tem sido muito infeliz em suas manifestações em sabatinas ou debates, apesar de tentar parecer calmo diante das câmeras, algo que se dissolve todas as vezes em que sente provocado. Para alguns analistas, Lula marcou um golaço na sabatina do JN no final de agosto. Porém, muitos não gostaram de sua participação no primeiro debate na tevê aberta.
O fato é que, na TV Bandeirantes, ex-presidente parecia jogar parado. Para alguns, parecia ter sido preparado para jogar na retranca. O estilo defensivista do petista parecia algo no estilo Felipão ou Carile, o que frustrou muitos de seus apoiadores. Parcela da militância desejava algo mais no estilo “Dorival Júnior” …
Metáforas futebolísticas à parte, a questão é que Lula, apesar de uma pequena queda na última pesquisa DataFolha, continua com chances – agora menores – de vencer as eleições no primeiro turno. Mas agora precisa lidar com o pequeno crescimento de Tebet e de Lira.
Já o atual ocupante do Planalto, apesar de sua agressividade, se manteve estável. A estratégia de falar para os seus seguidores não lhe tirou votos. Mas não foi capaz de atrair novos eleitores.
Há pouco menos de um mês para a eleição, ainda teremos mais debates e sabatinas. Precisa parecer nos debates e sabatinas as propostas concretas dos candidatos para acabar com a fome, sobre a educação e segurança pública.
Mas o mais grave foi a ausência das questões raciais no debate. Poderíamos esperar algo diferente quando nenhum dos candidatos era negro ou indígena?